Entre 27 e 31 de março de 2024, decorreu o DJINTIS, Festival Internacional de Artes Cénicas de Bissau, que dedicou a sua primeira edição à TERA/TERRA. Ao longo de 5 dias reuniu companhias e artistas de 8 países, junto de um público entusiasta de cerca de 1160 espetadores num total de 28 eventos.
Kaminhu Lundju | Cocriação Companhia de Música Teatral (Portugal) com coletivo de formandos Ur-GENTE (Guiné-Bissau)
Dois grupos guineenses – Grupo de Mandjuandi Harmonia de Luanda e Netos de Bandim – inundaram o espaço Ur-GENTE de cores e de celebração com música e dança tradicional para dar início o Festival. Seguiu-se uma performance multidisciplinar – “Cenas da Terra” – fruto da colaboração do coreógrafo e bailarino Ernesto Nambera (Guiné-Bissau) e do artista transdisciplinar João Rapozo (Portugal), fechando com a leitura da Mensagem do Dia Mundial do Teatro de 2024, por João Branco, da autoria do escritor Jon Fosse, condensada na frase “Arte é paz”.
Da esq. para dt.: Carolina Rodrigues (Coordenadora do projeto Ur-GENTE – ONGD VIDA e Diretora artística do Festival), Cynthia Cassama (Diretora Geral da Cultura), Madeleine Onclin (Chefe da Cooperação da UE) e José Medina Lobato (Presidente da CM Bissau)
Cenas da Terra | João Rapozo (Portugal) e Ernesto Nambera (Guiné-Bissau)
Prolongando-se até 31 de março, a programação destacou-se pela sua diversidade, cruzando estéticas, afetos, línguas e públicos de diferentes faixas etárias. Ligando a criação artística tradicional e contemporânea local à cena artística internacional, deu especial ênfase a produções, criadores e agentes que atuam nos nossos territórios comuns, crioulos, lusófonos e francófonos.
Os espetáculos internacionais sobressaíram pela multiplicidade de géneros artísticos, temáticas e naturezas, ocupando espaços formais e informais da cidade: “As Palavras de Jó”, trazidas pelo Saaraci Coletivo Teatral (Cabo Verde, Brasil, Portugal); “Yé!”, trazido por Circus Baobab; “Pokou” pela Compagnie Minart (Guiné-Conacri); “Cabral, A Última Lua de Homem Grande”, uma coprodução de Sikinada (Cabo Verde) e Art’Imagem (Portugal); “Le Musée” da Compagnie Bou-Saana (Senegal); “A Descoberta da Américas”, trazida por Julio Adrião (Brasil); “PaPI Opus 8” e “Dooo Ba Wooo”, da Companhia de Música Teatral (Portugal); “Punch the Sky”, uma leitura encenada preparada em residência artística com atores locais, por Mark Norfolk, representando a Companhia de Teatro TICAVE (Inglaterra, Cabo Verde, Dinamarca e Guiné-Bissau); “Mama-Festo”, uma performance de Karoline Banke (Dinamarca).
As Palavras de Jó | Saaraci Coletivo Teatral (Portugal, Cabo Verde, Brasil)
Pokou | Compagnie Minart (Guiné-Conacri)
Le Musée | Compagnie Bou-Saana (Senegal)
Cabral, a Última Lua de Homem Grande | Sikinada (Cabo Verde) e Art’Imagem (Portugal)
A Descoberta das Américas | Julio Adrião (Brasil)
Yé! | Circus Baobab (Guiné-Conacri)
Mama-Festo | Karoline Banke (Dinamarca)
A nível nacional, a programação incluiu: “Desordem” pelo Grupo de Dança Contemporânea da Guiné-Bissau; “Kaminhu pa Matu Sagradu” pelo coletivo artístico Katchu, Pátio de Artes; “ContaComunidade” e “Cabrales”, por Atchô Express, “Caminho Verde para a Reconciliação” do Teatro de Estudos Africanos. Incluímos ainda a dança tradicional dos fervorosos Netos de Bandim e os sons da mandjuandadi trazidos pelo Grupo Harmonia de Luanda.
Netos de Bandim (Guiné-Bissau)
Desordem | Grupo de Dança Contemporânea (Guiné-Bissau)
Grupo Harmonia de Luanda (Guiné-Bissau)
Cabrales | Atchô Express com formandos Ur-GENTE (Guiné-Bissau)
O festival também foi o momento para voltar a partilhar com o público as produções internas, criadas no seguimento dos processos de formação e criação, desenvolvidos pelos 3 parceiros de projeto, Companhia de Música Teatral (CMT), Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo (ALAIM) e GTO Bissau – Grupo de Teatro do Oprimido, com o coletivo de cerca de 80 formandos, do ramo artístico e dos ramos técnicos de cenografia, vídeo, luz e som, nomeadamente: “Saltimbancos”, uma cocriação da ALAIM com o coletivo Ur-GENTE; “Conferência dos Pássaros” e “Kaminhu Lundju”, uma cocriação da CMT com o coletivo Ur-GENTE; “Flor umanu ka tem prés”, uma cocriação do GTO com o coletivo Ur-GENTE.
Saltimbancos | Cocriação ALAIM (Cabo Verde) com formandos Ur-GENTE (Guiné-Bissau)
Conferência dos Pássaros | Cocriação Companhia de Música Teatral (Portugal) com formandos Ur-GENTE (Guiné-Bissau)
Caminho Verde para a Reconciliação | TEA, Teatro de Estudos Africanos (Guiné-Bissau)
A nível nacional, a conversa sob o tema “Criar em rede: lugares de criação, lugares de relação”, decorreu com a presença de Carolina Rodrigues, em representação do Ur-GENTE, Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau; Filipa César, em representação da Mediateca Abotcha; João Carlos Sila e Karoline Banke, em representação do Katchu, Pátio de Artes; Ector Diogens Cassamá, em representação dos Netos de Bandim; Atchô Express e Maria Mendes.
A nível internacional, a conversa sob o tema “Festivais de teatro: da sua génese à criação de redes” contou com a participação de Bilia Bah, Diretor Artístico do Festival Univers des Mots, João Branco, Diretor Artístico do MINDELACT e Carolina Rodrigues, Diretora Artística do DJINTIS.
O ciclo de conversas finalizou, com o tema “Matchundadi e/ou liberdade: criar e internacionalizar no feminino”, que reuniu Elsa Djata, em representação do projeto Mindjer Poilon desenvolvido pela PELE, Mamadu Alimo Djalo, em representação do projeto MUNTU (contrariar o machismo) e Karoline Banke.
O último dia, 31 de março, terminou em celebração com uma parada festiva, simbolicamente iniciada junto do busto de Amílcar Cabral, no Porto de Pindjiguiti, percorrendo as ruas de Bissau Velho até ao espaço Ur-GENTE, onde os últimos espetáculos, ovações e palavras emocionadas, encerraram a primeira edição, sonhando já com o futuro!
O festival DJINTIS foi promovido no âmbito do projeto “Ur-GENTE, Centro de Artes Cénicas Transdisciplinar de Bissau”, implementado pela ONGD VIDA. O projeto está enquadrado na ação PROCULTURA, financiada pela União Europeia, gerida e cofinanciada pelo Camões IP, envolvendo três países e uma rede de organizações parceiras: da Guiné-Bissau, o GTO – Grupo de Teatro do Oprimido; de Cabo Verde, a ALAIM – Academia Livre de Artes Integradas do Mindelo; e de Portugal, a Companhia de Música Teatral. O DJINTIS contou, ainda, com o apoio financeiro do Institut Français.
A programação do DJINTIS teve a Assistência Técnica de Alejandro de los Santos e o festival contou com a Direção Técnica de Pedro Fonseca e Rui Oliveira.